Foi em uma viagem ao Peru, em 2010, que tudo começou. Naquela época tinha acabado de tomar conhecimento sobre o projeto Couch Surfing, que oferece hospedagem gratuita através de um site de relacionamentos para viajantes, mas volta e meia promove encontros para que turistas possam conhecer locais e ajudá-los com informações diferenciadas, sendo esse meu objetivo. Em um pequeno café, mas com muita cerveja que até hoje eu não entendi bem esse mix, conheci a Michelle. Uma americana descoladíssima que fazia um tour pela América do Sul e, assim como eu, estava de passagem por Lima. Bebemos, dançamos e ficamos em contato por anos. Até que depois de muitos convites, resolvi comprar uma passagem de última hora e aproveitar as férias dela em Nova Orleans, sua cidade natal, no estado da Louisiana.
Passei dias sem acreditar que estava prestes a conhecer a famosa Nola, apelido carinhoso dos moradores e turistas mais íntimos. Um local que eu nunca imaginei visitar! Peguei um voo que saiu de Miami e com poucas horas estaria pousando na terra do Jazz. Lembro bem das belas paisagens que vi pouco antes do avião descer. Um belo pôr do sol tendo como destaque também o curso do Rio Mississipi.
Após o encontro com Michelle, seguimos para sua casa e logo pude perceber que assim como boa parte das cidades americanas, Nova Orleans é daquelas que você precisa de carro para tudo. Praticamente não existe transporte público com acesso a diversos pontos, apenas em pequenos trechos mais turísticos. Em algumas áreas ainda é bastante perceptível o efeito do furacão Katrina, mas nada que possa desanimar.
Deixamos as malas em casa e logo fomos rodar. Na verdade, seguimos para um bar, onde a anfitriã encontraria alguns amigos e eu teria meus primeiros contatos com a gastronomia de lá, incluindo degustação de várias cervejas artesanais deliciosas. Todos muito simpáticos (como já tinha ouvido!) e com vontade para que eu me sentisse em casa. Não hesitavam ofertas de passeios, happy hours e curiosidade em conhecer mais sobre o Brasil. Foi uma delícia o primeiro momento.
O dia seguinte foi destinado ao French Quarter, que é o coração da cidade. Pense em um dos lugares mais incríveis que eu já estive. A vibe é maravilhosa! Como era maio, início da primavera, havia muita coisa ao ar livre. Isso sem falar nas apresentações gratuitas de Jazz em cada esquina, nos bares e nos restaurantes. Um deleite aos ouvidos. Batemos pernas por horas, conferimos a belíssima Catedral St. Louis, que tem fontes e um jardim super cuidado que fazia o cenário perfeito para famílias curtirem um piquenique ou mesmo aproveitar os primeiros dias de sol da estação para andar de charrete.
Ali, bem pertinho, tem o lendário Café Du Monde, que é parada obrigatória para formiguinhas como eu. Vale lembrar que o local foi fundado em 1862 e funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana. A pedida principal fica por conta dos Beignets – que eu poderia associar a uma espécie francesa de Donut – fritas em óleo vegetal de semente de algodão geralmente servidas em formato quadrado e povilhados com açúcar de confeiteiro.
Após a lambança, seguimos para a área do Mississipi River Front, onde as calçadas largas são convidativas para ótimas caminhadas. Sentar um dos bancos e observar a vida mansa que passa por ali é uma sugestão das boas também. O local conta com um grande barco com aqueles ares bem turísticos, incluindo explicações gerais para visitantes, refeições e música ditada em piano de pífano por horas, para todos da área. Como eu já estava com uma insider, dispensei o blá blá blá e segui para o French Market.
Assim que entrei, lembrei da feirinha da Benedito Calixto, em São Paulo, onde você encontra de um tudo interessante. Objetos de decoração, souvenirs e até barraquinhas com drinks, principalmente maravilhosos fronzen daiquiris. Algo que chamou bastante atenção foi a forte presença de vodus como lembrancinhas de Nova Orleans. Nola é bastante mística e eles não ganham os holofotes sozinhos. Existem centenas de lojas voltadas para esse segmento e dezenas de cartomantes com os mais diversos tipos de leituras propostas. Confesso que não encarei, mas fica a dica aos mais curiosos pelo futuro.
Outro passeio bastante interessante que fiz lá e indico foi para conhecer o pavilhão onde são confeccionados os carros alegóricos do Carnaval, o famoso Mardi Gras. Uma visita guiada pelo Mardi Gras World explicando detalhes que são indispensáveis na representação da cultura local, as inspirações para compor os enredos e uma ala para vestir algumas fantasias encantam adultos e crianças de todas as partes do mundo.
Por último, porém não menos importante, recomendo o Audubon Zoo – zoológico imenso com as mais variadas espécies da fauna e flora mundial; Algiers Point – incluindo a travessia de ferry para a parte mais antiga de Nova Orleans. Em tempo, nessa região tem o Outlet Collection Riverwalk, com muitas lojas famosas e preços especiais que valem cada visita.